domingo, 25 de abril de 2010

A teoria dos finais

Ao terminar a algumas horas atrás o game God of War 3 - feito que levou cerca de 8 horas ininterruptas de jogo noturno - e após uma breve discussão (matinal) sobre a experiência, que foi compartilhada com os amigos, me dei conta de um fato bastante corriqueiro na vida dos gamers, otakus, cinéfilos, maníacos por séries, etc em geral: a grande maioria dos finais de qualquer obra de entretenimento desse tipo é decepcionante.

Qualquer um já se deparou com um final horrível de um filme aparentemente bom e ficou pensando: "Pô, eu estava esperando mais..." Fica aquela sensação de que a história ficou "incompleta", que o desfecho não combinou com o estilo do filme. Às vezes, o fim é ruim porque não fez nenhuma porra de sentido (por mais que tu tenha ficado horas a pensar nas possíveis interpretações metafóricas que poderiam haver para aquela bosta toda). Ou então o final foi simplório demais; nada mais do que um encerramento medíocre e sem próposito, feito "nas coxas", que não acrescentou nada para a vida de quem assistiu. Enfim, todos já vimos algum final que não fez jus ao conjunto completo da obra.


Final de Os Suspetos (The Usual Suspects - 1995). **Atenção**: MAJOR Spoiler. Se tu não viu este filme e ainda pretende ver, NÃO veja o vídeo acima e NÃO leia a frase a seguir (em amarelo claro). Minha primeira reação foi falar "Foda!", mas logo depois percebi que o final simplesmente pegou os 100 minutos anteriores do filme e disse: Tá vendo isso aqui? É tudo mentira. Tchau. Mas que merda de final é esse?

Mas então, eu parei um pouco para pensar hoje, e percebi que finais ruins quase sempre acontecem.

Por exemplo, no caso de um anime que já é ruim desde o início, naturalmente não se cria muitas espectativas; ao analisar os apectos gerais do troço já podemos ter uma noção de que o final não será muito diferente do restante da obra. E de fato, é o que acontece (salvo raras exceções, como tudo no mundo).

Entretanto, quando o anime é bom, as pessoas geralmente começam a ficar excitadas e criam espectativas. Afinal, se o anime tem uma trama original e atrativa, se tem personagens cativantes, se o universo descrito é rico em detalhes, se há um bom trabalho de dublagem (o que inclui a boa interpretação por parte dos dubladores), se tem uma trilha sonora emocionante, se alterna com qualidade entre momentos sombrios, tensos, engraçados, etc, se tem animações bem trabalhadas e belas visualmente, então logicamente é de se esperar que o final de tudo isso seja muita foda!

E aí, como diria nosso querido Senhor Cocô, merda acontece. Primeiro porque o final por si só já é uma coisa meio chata: é ali que a história pára de ser contada e tu sabe que terá de aceitar aquilo e pronto, fim de papo. E segundo por causa das grandes espectativas criadas. Tu achou que a história poderia acabar de uma maneira, mas acontece outra não tão provável (ou muito improvável, chegando a ser irreal). Ou então acontece exatamente o que tu pensou e aí tu fica chateado porque foi muito previsível. talvez tenha sido um fim grandioso para um trama superficial, ou o contrário, um fim idiota e brochante para uma história épica ou fodástica. Ou sei lá, foi um final "nadavê" mesmo. Seja como for, quase nunca é o que se esperava.


Um exemplo de raro final bom que gosto (e do qual nunca canso) de falar é o de Elfen Lied. Apesar de não gostar de finais enigmáticos demais, para este eu tiro o chapéu. **Atenção**: MAJOR Spoiler! Se tu ainda não viu e pretende ver este anime, NÃO veja o vídeo acima.

Portanto chego à conclusão de que finais são decepcionantes por natureza. Claro, é só uma "teoria" minha, e como toda teoria, é um modelo para a explicação de algo, e está sujeita a erros e exceções. Obviamente também já vi finais muito bons em livros, filmes, animes e games. Mas que eles não estão por aí em todo lugar, ah, isso é verdade. E há também os finais "Ok", aqueles que não são nada demais mas percebemos que se encaixaram bem no contexto, que sabíamos que eram uma possibilidade. Esses até aparecem em maior quantidade. Mas sem dúvida, não tanto quanto finais ruins.

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